sábado, 1 de maio de 2010

Falemos de Alfredo Guisado

De descendência galega, nasceu na freguesia de Santa Justa, em Lisboa a 30 de Outubro de 1891, tendo falecido nesta cidade em 1975 (Sepultado no Alto de São João de Lisboa), filho de António Venâncio Guisado, natural de Pias (Mondariz) e Benedicta Abril González (Mondariz), os quais tinham um restaurante «Dois irmãos unidos» na Praça D. Pedro no Rossio, lugar de encontro do Grupo Orpheu e outros muitos intelectuais. Licenciado em Direito na recém-criada faculdade de Lisboa, após implantação da I República (1910), exerceu direito de forma esporádica e desinteressada.
Militante activo do partido Republicano,chegando a exercer como deputado e vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1925) a ele se deve o facto de ainda hoje após o seu mandato enquanto vereador, muitas ruas e jardins terem nomes de poetas.
Ocupou cargos de Governador Civil substituto e de Presidente do Conselho Geral das Juntas de Freguesia de Lisboa, assim como o de Director-Adjunto do Jornal - A República. Colaborou igualmente no - O Século - onde mantinha uma página infantil, intitulada - Pim-Pam-Pum.
Após o golpe de estado de Gomes da Costa, em 1926 (à qual esteve preso durante três dias), a implantação do Estado Novo era fustigada no Jornal - A República - por meio de sátiras em - O Papel Químico - página literária da sua autoria sob o pseudónimo João de Lobeira a que a censura Salazarista tolerava quando não mutilava ou proibia, também com o pseudónimo Domingos Dias Santos, as suas - Arcas Encoiradas - com o mesmo intuito satírico.
Bem relacionado nos meios culturais e políticos, sendo a poesia um complemento ao seu empenhamento cívico revelando uma vocação prioritária e absorvente.
Co-fundador da revista Orpheu junto com Fernando Pessoa,Mário Sá Carneiro,José Sobral de Almada Negreiros.
Em carta a Guisado,datada de 20 de Julho de 1914,Mário Sá Carneiro dizia: - Não imagina como me orgulho de as suas poesias se incluírem na mesma escola que as minhas obras e as do Fernando Pessoa. Consta ainda do referido poeta, obras publicadas; Xente d'a Aldea em 1921 (Galego), Rimas da Noite e da Tristeza,1913; Distância,1914;Elogio da Paisagem,1915; As Treze Baladas das Mãos Frias,1916;Mais Alto,1917;Ânfora,1918; A Lenda do Rei Boneco,1920; As Cinco Chagas de Cristo,1927, e Tempo de Orpheu 1970. Em prosa consta ainda; A Pastora e o Lobo, Bergatim Doirado (contos para crianças); 1974 Inéditos: Dédalo, Cinco Gotas de Luar, Nossa Senhora da Alma (sem terminar), Tapeçarias,Semíramis, todos eles em poesia.
No actual mundo cultural galego, Alfredo Guisado aparece como um grande desconhecido, por cá continua menos esquecido.


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